Você já conheceu alguém obcecado pela própria aparência? Sabia que essa obsessão pode chegar ao nível de um transtorno? Dá uma lida abaixo!
A mídia perpetua a imagem de que precisamos ter corpos inatingíveis e irrealistas para nos adequar, pertencer e sermos valorizados. Algumas pessoas acabam “comprando” essa ideia e se tornam obsessivos com sua aparência. Tanto, que podem desenvolver um transtorno mental.
Transtorno Dismórfico Corporal
Também conhecido como dismorfofobia, o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é uma condição que consiste de uma preocupação disfuncional e prejudicada de questões imaginadas ou levemente consideradas como “defeitos” em sua aparência, associada a comportamentos repetitivos, na qual as crenças sobre a aparência nem sempre são bem elaboradas. É um transtorno mental comum, afetando cerca de 1 a 2% da população. Só no Brasil são 4 milhões de pessoas. Geralmente tem início na adolescência, sendo mais comumente desenvolvido entre os 15 e os 20 anos, e afeta tanto homens quanto mulheres em igual proporção, podendo levar a níveis altos de estresse e risco de suicídio quando não diagnosticado. É um transtorno que pode afetar criticamente o indivíduo, que percebe uma particularidade como algo muito pior do que realmente é.
Preocupações
Pessoas com TDC tendem a ficar obcecadas por aspectos de sua aparência, em geral, diversos aspectos simultaneamente. Esses indivíduos tendem a acreditar parecerem feios, sem atrativos, anormais ou deformados. “Defeitos” não observados ou que parecem discretos para outras pessoas. Dentre os mais comuns estão: cabeça/face, pele, nariz e cabelo. As preocupações também podem ser acerca da aparência do corpo inteiro, na qual o indivíduo acha que seu corpo é muito pequeno ou insuficientemente musculoso.
Estudos apontam que pessoas com TDC tendem a ficar cerca de 3-8 horas preocupadas com sua aparência física. São preocupações intrusivas nos pensamentos do indivíduo, são indesejados e associados com emoções estressantes como vergonha, desgosto, ansiedade e tristeza.
Crenças
As crenças presentes no indivíduo que apresenta o TDC são relativas à sua convicção de que a visão que tem de sua aparência é verdadeira e não distorcida.
Existem pesquisas relatando que pessoas com TDC tendem a ter pouco entendimento acerca de suas crenças a respeito da aparência, ou seja, as crenças podem chegar a um estado de delírio dependendo da seriedade dos sintomas apresentados.
A um certo ponto, a pessoa com TDC pode passar a considerar a possibilidade de que suas crenças a respeito da aparência podem não ser totalmente verdadeiras e se abre para outras possibilidades de explicação de sua aparência, ao passo que quando estão, por exemplo, muito ansiosos, podem acreditar na maior parte do tempo que suas crenças a respeito da aparência são verdade e não conseguem se ver de outra forma além da explicação que se dão a partir dos pensamentos intrusivos.
Os impactos de tais crenças podem se espalhar por todas as partes do funcionamento do indivíduo, seja social, ocupacional, acadêmico, e outros.
Comportamentos
Dentre os comportamentos comuns repetidos por pessoas com TDC, podemos citar:
- se comparar excessivamente com outras pessoas;
- verificar “defeitos” em espelhos ou superfícies refletoras repetidas vezes;
- arrumar-se de maneira excessiva (penteando-se, barbeando-se, depilando-se ou arrancando pêlos);
- utilizar maquiagem repetidamente ou cobrir áreas em questão com chapéus, roupas, cabelo, etc.;
- procurar se tranquilizar com relação aos “defeitos” em sua aparência;
- trocar nas partes do corpo que produzem insatisfação para verificar;
- fazer exercícios físicos ou levantar peso em excesso;
- procurar tratamentos estéticos com frequência;
Diagnóstico
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) estabeleceu os seguintes critérios para o diagnóstico do TDC:
A. Preocupação com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na aparência física que não são observáveis ou que parecem leves para os outros.
B. Em algum momento durante o curso do transtorno, o indivíduo executou comportamentos repetitivos (p. ex., verificar-se no espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização) ou atos mentais (p. ex., comparando sua aparência com a de outros) em resposta às preocupações com a aparência.
C. A preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. A preocupação com a aparência não é mais bem explicada por preocupações com a gordura ou o peso corporal em um indivíduo cujos sintomas satisfazem os critérios diagnósticos para um transtorno alimentar.
As causas do TDC estão associadas ao desbalanceamento dos neurotransmissores em regiões relacionadas ao gerenciamento das emoções, aos mecanismos de recompensa, motivação e humor. No entanto, é importante lembrar que somente a avaliação de um médico psiquiatra pode chegar à conclusão deste diagnóstico. O profissional da saúde também poderá distinguir entre esse diagnóstico e os transtornos alimentares.
Associações
Como consequência dessa preocupação excessiva associada ao estresse e a fixação no pensamento sobre o que os outros vão achar de si e que os poderão rejeitar por isso, pessoas com TDC podem passar a evitar relacionamentos íntimos, deixar de frequentar estabelecimentos educacionais ou de trabalho e evitar atividades sociais em geral, isolando-se em suas casas, o que aumenta o risco de suicídio.
Alguns transtornos psiquiátricos podem estar associados ao TDC, como o transtorno depressivo maior, a fobia social, o transtorno obsessivo-compulsivo e abuso de drogas. Por isso, nem sempre o TDC é diagnosticado devidamente, e o indivíduo acaba sem o tratamento adequado.
Tratamento
O tratamento, geralmente, é com medicamentos antidepressivos somada à intervenção psicológica para mudanças dos comportamentos que podem estar mantendo a condição e do aumento do insight do próprio indivíduo a respeito de sua condição.
Os indivíduos com TDC precisam ser resilientes e se engajar no processo terapêutico para conseguir ressignificar a visão própria da aparência, suas crenças distorcidas sobre elas, de modo que possam deixar de se restringir de atividades sociais e do funcionamento normal por causa delas.
Em alguns casos mais leves, o tratamento com a cirurgia plástica pode ser indicado, pois a pessoa consegue se enxergar melhor após a mudança e se satisfazer com ela, dentro do possível. Já em casos mais graves, não é indicado pois a pessoa não se sentirá satisfeita com o resultado e continuará perpetuando o transtorno.
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